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A luta entre o Eu Inferior e a Consciência Sobreposta

Uma das batalhas mais trágicas que ocorre em nossa psique é a luta entre o que denominamos Eu inferior e a Consciência sobreposta. 

A consciência sobreposta é sentida pela maioria de nós por meio de uma pequenina voz repetitiva que nos pressiona numa determinada direção, pela forte inspiração e pela sensação de culpa por não vivermos de acordo com seus preceitos. Nos apegamos à consciência sobreposta, acreditando erroneamente que somente ela pode impedir as ações com base nos instintos do eu inferior. Dessa maneira, nunca adquirimos uma autoconfiança saudável que só pode vir do eu real, do qual nos afastamos ainda mais na medida em que nos prendemos à consciência sobreposta.

Como identificar a consciência sobreposta?

  • Suas ordens são rígidas, cegas e automáticas – desconhecem a razão.
  • Não existe espaço para desenvolvimento pessoal, para o ritmo interior próprio.
  • Por medo da desaprovação e obediência cega a normas exteriores herdadas e adotadas, muitas vezes é sem sentido e desumana. Como ela é criada pelo medo, fatalmente gera mais medo.
  • Nos induz a nos rejeitarmos como seres humanos.
  • Seu principal medo é não saber o que é certo ou errado, não ter uma sinalização da conduta certa.
  • Esconde o eu inferior em vez de trazê-lo à tona, e dessa forma elimina a possibilidade de fazê-lo superar seu estado infantil.
  • Instila a visão irrealista e distorcida de nós mesmos e da maneira como acreditamos que deveríamos ser.

OBEDECER À CONSCIÊNCIA SOBREPOSTA – e o resultado de tal decisão não for do nosso agrado, os efeitos corrosivos serão rebelião, autopiedade, colocar a culpa na vida e no mundo. Deve-se ressaltar que obedecemos a essa consciência apenas nas áreas em que existem problemas interiores pessoais, específicos.

EU INFERIOR

” O Eu inferior não é apenas aquela parte da natureza humana que contém as falhas e os defeitos de caráter. O melhor meio de descrevê-lo é um clima geral, uma perspectiva emocional de egocentrismo.  Independentemente de boas intenções, atos altruístas, atitudes que revelam consideração pelos outros, esse mundo interior de egocentrismo existe. Nessa área do nosso ser, desejamos reinar absolutos”

O problema é muito menos o fato de sua existência, e muito mais a natureza de nossa reação a ele. 

A vergonha e a culpa resultam do equívoco de que já deveríamos ter superado totalmente essa faceta e que não deveria haver lugar para esse egoísmo, essa preocupação despropositada consigo mesmos. Assim, damos origem a um complicado sistema de autoengano e fingimento, que nos leva a círculos viciosos e conflitos interiores que acabam com a nossa felicidade e o nosso autorrespeito.

A enorme dificuldade em admitir, encarar e aceitar o Eu Inferior, com todas as suas ramificações, deve-se em grande parte à consciência sobreposta, que parece dizer “se você não obedecer minhas regras, será discriminado, desprezado, criticado, rejeitado.”

Alguma coisa em nós diz “não” quando nos visualizamos como plenamente satisfeitos em todas as áreas da vida. 


Qual é a sua atitude em relação à existência do eu inferior?

1 – Você fica chocado com algumas de suas manifestações?
2 – Fica impaciente consigo mesmo por causa dele?
3 – Você acha que ele já deveria ter desaparecido, e assim rejeita o seu estado como ser humano?
4 – Você também nega algo em si que poderia ser muito construtivo, se for considerá-lo de uma nova perspectiva, sem a influência de padrões que assumiu sem jamais questionar sua validade? 

Comece a observar as manifestações sutis do eu inferior em determinadas reações e impulsos. Observe a sua tendência de querer imediatamente tirar aquilo da vista.  Observe os desejos e atitudes dessas reações passageiras. Traga tudo para a consciência, e examine com tranquilidade.  Veja como você trata a si mesmo com rispidez e intolerância a esse respeito, como é rígido(a), inflexível, severo(a) e autodestrutivo(a). Tudo isso é um trabalho preliminar saudável para as fases que estão por vir. É um dos lados da batalha.

SAÍDA

  1. Precisamos aceitar plenamente essa criança primitiva, egoísta e destrutiva para que ela possa crescer.
  2. Na medida em que a aceitarmos, sem perder o senso de proporções quanto à sua “maldade”, nessa medida teremos condições de perceber, vivenciar e aceitar as faculdades mais elevadas que possuímos.
  3. Só perdemos o senso de culpa em relação à criança se e quando aprendermos a olhar para os impulsos que vêm dela e percebermos que, embora esse lado indesejável exista, não precisamos agir de acordo com ele.
  4. Pelo menos, não estaremos nos iludindo quanto ao nosso estágio de desenvolvimento, e avaliaremos os nossos desejos sem transformá-los em prática. Nesse momento, teremos chances de vencer essa batalha.

Vamos nos libertar da falsa consciência e, assim, adquirirmos a capacidade de ouvir a voz da consciência real.

OBEDECER À CONSCIÊNCIA REAL – significa assumir plena responsabilidade pela própria vida, pelos próprios atos e decisões. Isso exige profundo raciocínio, ponderação, discriminação, disposição em aceitar e aprender com o estado atual de falibilidade e, reunir propositadamente os poderes criativos interiores. Se os resultados nem sempre forem perfeitos, não entraremos em desespero. No fim das contas, surge a percepção de que o resultado momentâneo, agradável ou desagradável, não é tão vital quanto acredita a criança interior, pois em ambos os casos temos possibilidades iguais de crescimento, desde que nossos atos e decisões sejam originários de nós mesmos.

Material baseado na Palestra 116 – Alcançando o Centro Espiritual – A luta entre o eu inferior e a consciência superposta

Confira na íntegra no site: www.pathwork.com.br

Fernanda Carvalho

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