O conceito consciente e inconsciente do homem acerca de uma vida alegre geralmente está sempre ligado a uma vida perfeita. Intelectualmente sabemos que não existe perfeição e esse é o motivo pelo qual reprimimos nossas reações a uma situação imperfeita. A nossa capacidade de sentir felicidade, não em palavras ou teorias, mas como uma experiência emocional, depende da nossa capacidade de aceitar a imperfeição.
Um passo importante, a fim de nos tornarmos nós mesmos é ousarmos encarar nossos desejos, insatisfações, queixas contra a vida ou o destino, ou os outros, ou contra nós mesmos.
O Guia sugere: “Descubram de que forma acham que são lesados. Vocês se ressentem do fato de que algo é imperfeito. A fim de aceitarem plenamente a imperfeição, devem primeiro tornarem-se plenamente conscientes do ressentimento para com a imperfeição. E, somente quando tomarem plena consciência do seu ressentimento contra a imperfeição é que começarão a aceitá-la. E, somente à medida em que aceitarem a imperfeição é que poderão ter uma vida alegre, desfrutar de alegria nos seus relacionamentos”.
Por mais sutil que seja observe essa atitude: “Eu já deveria ter resolvido os meus problemas. Eu não posso ser feliz enquanto os meus problemas não estiverem solucionados, consequentemente, eu devo ser impaciente, compulsivo e incansável com relação a eles, não posso viver no presente, mas devo de alguma forma sempre buscar ver no futuro, quando espero ser perfeito e, assim, experienciar a perfeita felicidade, o amor perfeito, os relacionamentos perfeitos”. Esta atitude nunca é consciente, nunca é enunciada dessa forma, no entanto, se nossas emoções fossem traduzidas, frequentemente expressariam exatamente isso.
PADRÕES IMPOSTOS
Na atitude errada do perfeccionismo há um outro desvio sutil, que é o empenho inconsciente para nos tornarmos perfeitos conforme padrões impostos sobre nós pelo mundo, por normas – em outras palavras, por uma autoridade externa. Como muitas emoções na superfície de nossas mentes inconscientes são imperfeitas , tentamos, forçosamente, impor emoções não genuínas sobre elas.
COMO SERIA UMA ABORDAGEM PRODUTIVA?
É encontrar o que verdadeiramente sentimos, desejamos, tememos e então descobrirmos qual a nossa meta mais profunda – o objetivo do nosso eu real. Ousar sentir o que sentimos, a despeito do que consideramos que seja certo ou errado.
Uma vez dado esse passo, tomaremos consciência de uma certa reação, apenas, vários dias após sua ocorrência. O primeiro impulso será termos raiva de nós mesmos por notarmos, apenas, tanto tempo depois, aquilo que “deveríamos” ter tido consciência imediatamente.
Apenas após estarmos plenamente conscientes de que a maior parte do tempo estamos cegos para as nossas próprias reações, poderá a cegueira, gradualmente, desvanecer.
PERGUNTA : “Se tenho um sentimento agressivo e não gosto dele, mas ele é muito forte, o meu bom senso me diz que não deveria ter tal sentimento. Posso até compreender, com a mente, que talvez a pessoa que os está evocando esteja com problemas, contudo, rejeito isto e percebo o sentimento. Então, como lidar com isto?”.
RESPOSTA: “O primeiro passo é a compreensão de que as suas emoções não podem, ainda, reagir de forma diferente. De novo, e de uma maneira distorcida, entra em cena o perfeccionismo, porque algo em você diz : “Eu não deveria ter estes sentimentos de agressão. Eu deveria saber melhor que esta pessoa está agindo movida pelos seus problemas não resolvidos.” Tudo isso pode ser verdade, contudo, nesta consideração tão verdadeira está contido o “eu não deveria” do perfeccionismo. Não obstante, você poderá dizer para si mesmo “não dá para me sentir diferente, pois estou enevoado pela escuridão. Eu, como ser humano, estou sempre tateando nas trevas. Eu não sei muitas respostas. Eu não compreendo as outras pessoas.
Mas pelo fato de vocês sentirem que “realmente deveria compreender todos, todas as outras pessoas deveriam me compreender e eu deveria saber todas as respostas relacionadas à minha vida e relacionamentos pessoais”- esta atitude dificulta todas as coisas.
Apenas ao aceitar as suas limitações humanas é que a agressividade e a hostilidade desvanecerão pois, interiormente, descobrirá e tornar-se-á consciente de que está magoado e que está se sentindo rejeitado…
Mas, antes de mais nada, tem que dispensar as expectativas de que você, bem como os outros, devem sempre compreender e saber tudo… Aceite, também, a sua agressividade ainda existente, perguntando-se se ela não é uma distorção da mágoa. Ela pertence à mágoa. Desta maneira, você pode encontrar uma resposta muito mais cedo que com o impulso contraído e compulsivo do “não devo ser agressivo”.
Se desejamos crescer e se percebermos que só podemos crescer um passo de cada vez, embora ainda estejamos longe da perfeição, não haverá como estagnarmos. A aceitação da imperfeição não significa o desejo de ficarmos estagnados. Significa apenas, que sabemos que não podemos nos tornar perfeitos nesta vida, mas desejamos, com todo nosso coração crescermos e mudarmos em todos os aspectos possíveis.
Fonte: Palestra 97 – Perfeccionismo obstrui a felicidade; manipulação das emoções
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Fer querida, gosto muito da forma que escreve, fica tudo mais claro…
Nossa Fe, direto na ferida…kkk…
Perceber as minhas exigências para ser bom, compreensível, justo, logo perfeito… me mostra o esforço megalomaníaco que me imponho todos os dias… Aceitar a minha imperfeição ainda se apresenta como um desafio gigante…pois ainda resisto em aceitar as minhas sombras… E descartar a crença errônea que “aceitar a imperfeição é estagnar-se ” é um caminho que gostaria de seguir, mas ainda reluto…
Guilherme, identificar nossas crenças errôneas e tomar consciência delas já é um passo enorme!! O próximo passo inclui afirmarmos a verdade que aceitar a imperfeição significa a possibilidade real de mudança e não estagnação. Grata pela partilha!!
😉🙏
Obrigada,Fernanda.
Momento próprio prá eu olhar mais meu perfeccionismo.
Exercício diário, até escrever sobre a palestra pude perceber o perfeccionismo bem presente! Beijo grande! 😘 😘