
Para encontrar Deus dentro de cada um de nós, precisamos trilhar “o caminho”. Isso não quer dizer trilhar um caminho já existente, pois ele não existe enquanto não decidimos seguir por ele. Temos de criá-lo.
Somos “exploradores” e agimos como guias na selva, que mostra a direção a seguir atravessando a floresta e a vegetação procurando a oportunidade de dar um passo de cada vez sempre que possível.
Existe em nossa alma uma verdadeira selva. É simplesmente a confusão, o erro, a falta de autoconhecimento, o desvio da lei divina, e a ignorância dessa lei que criam essa floresta desordenada na qual precisamos encontrar nosso caminho de volta a nossa essência. Nossa teimosia interna com relação a algumas questões e os nossos preconceitos geram conflitos em nossa alma, e em nossa vida exterior.
Esses conflitos têm a aparência de rochas, pedras, montanhas altas que precisamos vencer. Nossas diversas falhas mostram-se como um matagal desordenado, e muitas vezes como plantas venenosas. Precisamos abrir caminho por entre esses elementos, em vez de virarmos as costas, como fazíamos antes de decidirmos trilhar o caminho.
Há rios a atravessar, águas descontroladas a controlar e recanalizar que correspondem às nossas emoções das quais não conhecemos sua origem e seu real significado.
Há precipícios a saltar, que são o medo que temos da vida como ela se apresenta, o medo da dor e da decepção. Precisamos dar um salto no desconhecido para podermos dominar nossa própria vida.
Precisamos viver nossos medos até o fim para nos livrarmos deles. Isso significa não dar as costas ao precipício que nós mesmos criamos e que não precisaria existir se, em primeiro lugar, entendêssemos e aceitássemos a vida como ela é. É somente depois de dar esse “salto” que iremos descobrir que não existe precipício nenhum! É uma escalada longa, muito longa. Às vezes, a subida é muito íngreme e sombria, muitas vezes escura.
Em outras ocasiões, depois que obtemos uma pequena vitória, o sol aparece e descansamos um pouco. O cenário fica um pouco mais acolhedor, pois esse quadro mais luminoso é produto dessa vitória.
Mas depois a situação se repete muitas vezes. Durante muito tempo, não conseguimos ver o objetivo; no entanto, sabemos qual é o objetivo, mas estamos longe de vê-lo ou senti-lo. Durante um bom tempo, no começo, parece que caminhamos em círculos, encontrando sempre o mesmo cenário, aparentemente sem sair do lugar de onde partimos. Isso pode ser desanimador, se não soubéssemos que se trata de uma ilusão. Apenas parece ser assim.
Quando caminhamos nesse círculo, estamos percorrendo “a espiral”, que é inevitável no caminho.

Nossos defeitos, erros, ignorância, e as complexidades que daí resultam geram um grande ciclo vicioso em nossa alma. Esse ciclo é formado por diversos pontos, que são esses defeitos, que afetam uns aos outros e interagem entre si e assim provocam uma reação em cadeia.
1 – Para romper o ciclo vicioso, precisamos conhecer cabalmente cada um dos pontos que constituem este ciclo.
2 – Precisamos nos concentrar em um de cada vez, para encontrarmos a ligação de causa e efeito dentro do ciclo. Não é possível entender totalmente o ciclo todo depois de termos dado a volta uma vez, por assim dizer.
3 – Quando terminamos a primeira volta, começamos tudo novamente. Mas cada vez que recomeçamos, adquirimos um entendimento um pouco mais profundo dos pontos mais destacados do ciclo, até vermos mentalmente, com clareza, o ciclo todo e entendermos a interdependência de todas as nossas qualidades negativas.
4 – Nesse momento, deixaremos de achar que essas qualidades estão desligadas entre si. Mas até chegarmos a esse ponto, precisamos repetir muitas vezes a volta pelo ciclo. No início, podemos achar que é uma repetição sem sentido, que não está havendo progresso, mas não é verdade. Sem passar por essa importantíssima parte do caminho, jamais poderíamos nos libertar e atingir a luz, pois estaríamos presos ao ciclo vicioso.
5 – É somente dessa maneira que conseguimos quebrar as cadeias. Toda vez que terminamos uma volta do ciclo e iniciamos a volta seguinte, estamos subindo na espiral. No começo, a subida é tão suave que nem a percebemos e temos a impressão de estarmos refazendo a mesma volta. Mais tarde, no entanto, passamos a perceber claramente que a cada recomeço adquirimos uma visão mais profunda dos nossos problemas e não ficamos mais desanimados com a aparente imobilidade.
No entanto, no início não sabemos e não sentimos que existe em nós esse ciclo vicioso. É tudo tão confuso que nem sabemos por onde começar, onde nos apoiar. Apesar de estarmos cientes de alguns de nossos defeitos e de todos os nossos problemas exteriores, ainda não conseguimos associar uma coisa à outra. No momento em que voltamos a atenção para uma complexidade ou problema, surgem outras coisas que aparentemente nada têm a ver com o que estávamos examinando, e ficamos confusos.
Somente a autodisciplina e a perseverança nos fará chegar ao ponto em que finalmente vemos o quadro todo desse ciclo vicioso.
Uma coisa é causada por outra, como uma reação em cadeia completa. Quando atingimos esse ponto, estamos entrando em uma fase importante. Depois de algum tempo vai deixar de parecer que tudo está escapando como areia entre os dedos. Nesse momento, teremos algo concreto em que nos apoiar.
Esse é o quadro claro do ciclo. Primeiro, ele é formado por muitos pontos, mas depois de algum tempo esses pontos se condensam e se reúnem, mostrando alguns problemas importantes que podem ser examinados e trabalhados por meio de várias abordagens. Depois de avançarmos ainda mais, nos resta apenas um grande ponto, que é a chave de toda a nossa personalidade e de todos os nossos problemas. Mas cabe a cada um de nós encontrar a chave, por meio do nosso próprio trabalho, percorrendo nosso próprio caminho.
Ferramenta essencial: Prece
É o melhor exercício de concentração para aprender a focar a atenção naquilo que é essencial.
“Como vocês podem seguir o caminho se não tiverem a necessária disciplina regular, e se não conseguirem se concentrar, ou se a sua capacidade de concentração for unilateral ou usada para coisas não essenciais? Como vocês podem seguir o caminho se não possuírem a capacidade de concentrar-se no arcabouço da vida de vocês, ou seja, no seu desenvolvimento?
A prece é ainda mais necessária para descobrir a verdade sobre nós mesmos: o abismo que existe entre o nosso mundo de pensamentos e o nosso mundo de sentimentos.
Elementos que deveriam fazer parte da prece
1 – Orar pelas pessoas que conhecemos, pela humanidade, pela paz, pelo amor, pela difusão da verdade, pela fraternidade, pela justiça, por todas as criaturas cegas que ainda estão na escuridão e pela purificação de mais e mais pessoas – só podemos contribuir de forma significativa para isso se cultivarmos esses elementos em nosso íntimo. Esses pensamentos geram formas claras, luminosas e boas que além de ser uma atividade muito criativa, fortalece a mente. É preciso não desanimar quando a mente começar a divagar. Neste caso, é suficiente recomeçar do ponto em que estivermos, sem nos recriminar, com a maior descontração mental e emocional possível.
2 – Orar pelas pessoas de quem não gostamos. Quanto menos gostarmos delas, mais devemos orar por elas. Procurar observar o que sentimos quando desejarmos felicidade a essas pessoas, sem nos iludirmos. Admitir para nós: “Uma parte de mim quer isso; outra parte ainda luta contra os bons desejos para algumas pessoas.” Dessa maneira, não estaremos encenando uma mentira. O Guia nos convida a experimentar pedir ajuda a Deus para sentir com todo o coração esse amor por todos, pelo menos durante a prece. Compreender que enquanto existir em nós ódio, ressentimento e intolerância, estaremos contribuindo para o oposto de tudo isso.
3 – “Outro item importante é que a vontade do eu, o orgulho, e o medo inerentes a todo ser humano darão lugar à humildade, ao amor, ao desejo de que a vontade de Deus seja feita em todos os aspectos. Mas não orem por isso apenas em termos gerais – procurem observar exatamente em que as reações, pensamentos e sentimentos de vocês são diferentes daquilo que agradaria a Deus. Orem para descobrir especificamente quais são os seus medos! Depois que essa prece for respondida e vocês tiverem total consciência dos seus medos, orem para poder dominá-los da única maneira em que isso é possível – ou seja, sendo capazes de aceitar aquilo que temem, desde que esta seja a vontade de Deus para vocês e isso seja bom para o seu desenvolvimento e crescimento espiritual. Orem para ter a capacidade de aceitar a dor tanto quanto a felicidade. Orem para não amarem tanto o ego a ponto de evitarem o agente de cura representado pela dor ocasional vivida corretamente”.
4 – Dizer a Deus, todos os dias, aquilo que sabemos que precisamos aprender, e pedirmos a ajuda d’Ele irá aos poucos moldar a nossa mente subconsciente, para que uma boa imagem se forme dentro de nós. Isso significa instruir o subconsciente mantendo a ideia clara do objetivo imediato em frente do olho da mente. Isso trará uma melhor perspectiva, na auto-observação da revisão diária, da distância entre nós e esse objetivo.
5 – Tomar cuidado para não tentar precipitar nenhum resultado descrito acima, que só virá naturalmente, em decorrência dos esforços e necessidades peculiares de cada um a cada momento.
O que ocorre durante a oração?
- A decisão diária de formular desejos altruístas na oração cria uma mudança clara no organismo dos corpos sutis, e também por fim no corpo físico – faz uma limpeza maravilhosa em nossa alma;
- Durante a prece cultivamos pensamentos que não conseguimos cultivar quando não estamos orando. Podemos ser sinceramente capazes de desejar o bem de quem nos prejudicou. Fora da prece, ainda não conseguimos. No início, isso é difícil para alguns de nós até durante a prece, mas no fim iremos conseguir, se persistirmos;
- Passamos a ver nossos defeitos, nossos problemas e nossa experiência sob uma luz diferente do que normalmente fazemos enquanto ainda estamos afetados pelas influências do nosso ambiente;
- Nos ajuda a colocar ordem na alma – passamos a ter a profunda percepção de que os problemas exteriores nada mais são do que manifestações das nossas deficiências;
- Passamos a ter automaticamente uma atitude mais humilde – isso ajuda a tornar mais fina a parede que existe entre nós e as forças divinas que aguardam o momento de fluir para a nossa alma.
- Os pensamentos e sentimentos cultivados na prece criam formas boas, limpas, harmoniosas que acabam nos ajudando a mudar nossas atitudes mais interiores, muitas vezes inconscientes, que são de erro, orgulho, teimosia, medo.
- Precisamos cuidar para que a prece seja algo vivo, que esteja em sintonia com as nossas necessidades diárias.
“A prece permanecerá viva, na medida em que mudará sempre de acordo com as mudanças do caminho. E não é só isso: vocês vão conseguir se concentrar melhor no que é necessário a cada dia, e não vão se dispersar. Podem manter alguns elementos dos quais querem se lembrar, para não deixarem de lado as muitas coisas pelas quais vocês oram, e que não são diretamente relacionadas a vocês. Mesmo com respeito a isso, cuidem para manter vivos os sentimentos, o que é mais fácil se vocês variarem as palavras usadas e, sobretudo, se prestarem atenção à intensidade dos sentimentos. Para manter a prece viva é preciso incluir nela as suas necessidades diárias (não materiais) e considerar todos os acontecimentos do seu desenvolvimento espiritual, pedindo ajuda e compreensão a Deus”.
Baseado na Palestra do Guia Pathwork nº 36 – A prece
Confira esta palestra na íntegra acessando o site: http://www.pathworkbrasil.com.br